Falhando em aprender com a História

Havia uma época, durante minha juventude selvagem e imprudente, quando eu ainda não conhecia o Caminho de Bayes e respondi a uma pergunta aparentemente misteriosa com uma Resposta Misteriosa. Muitas falhas ocorreram em sequência, mas um erro se destaca como o mais crítico: meu eu mais jovem não percebeu que resolver um mistério deveria torná-lo menos confuso. Eu estava tentando explicar um Fenômeno Misterioso, que para mim significava fornecer uma causa para ele, encaixando-o em um modelo integrado de realidade. Mas por que isso deveria tornar o fenômeno menos misterioso, quando essa é sua natureza? Eu estava tentando explicar o Fenômeno Misterioso, não o transformar (por alguma alquimia impossível) em um fenômeno mundano, um fenômeno que nem mesmo exigiria uma explicação incomum em primeiro lugar.

Como Racionalista Tradicional, eu conhecia as histórias dos astrólogos e da astronomia, dos alquimistas e da química, dos vitalistas e da biologia. Mas o Fenômeno Misterioso não era assim. Era algo novo, algo estranho, algo mais difícil, algo que a ciência comum não conseguiu explicar por séculos…

— como se as estrelas, a matéria e a vida não tivessem sido mistérios por centenas e milhares de anos, desde o surgimento do pensamento humano até a ciência finalmente resolvê-los —

Aprendemos sobre astronomia, química e biologia na escola, e parece-nos que esses assuntos sempre foram o domínio apropriado da ciência, que nunca foram misteriosos. Quando a ciência ousa desafiar um novo Grande Enigma, as crianças daquela geração ficam céticas, pois nunca viram a ciência explicar algo que lhes parecesse misterioso. A ciência só possibilita explicar assuntos científicos, como estrelas, matéria e vida.

Eu achava que a lição da história era que astrólogos, alquimistas e vitalistas tinham uma falha de caráter inata, uma tendência ao misteriosismo, que os levava a apresentar explicações misteriosas para assuntos não misteriosos. Mas certamente, se um fenômeno realmente era muito estranho, uma explicação estranha poderia estar em ordem?

Foi somente depois, quando comecei a ver a estrutura mundana no mistério, que percebi em que lugar estava. Só então percebi o quão razoável o vitalismo parecia na época, o quão surpreendente e embaraçosa havia sido a resposta do universo: “A vida é mundana e não precisa de uma explicação estranha”.

Lemos a história, mas não a experimentamos, não a vivenciamos. Se eu tivesse pessoalmente conjecturado os mistérios da astrologia e, em seguida, descoberto a mecânica newtoniana; conjecturado os mistérios da alquimia e, em seguida, descoberto a química; conjecturado os mistérios do vitalismo e, em seguida, descoberto a biologia, eu teria lembrado da minha Resposta Misteriosa e dito para mim mesmo: “Eu não cairei nessa armadilha novamente.”